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Vitrine | Marcos Bertoldi

No final do ano passado tive o prazer de conhecer pessoalmente o super simpatico e talentoso arquiteto Marcos Bertoldi. Ele me recebeu em seu apartamento em São Paulo que, posso falar?, É lindo de morrer!!!   Casa vertical   Em 2014, Bertoldi terminou a Casa Vertical, localizada em Curitiba (PR), projetada para um jovem colecionador de arte. A ideia inicial era criar um projeto que permitiria a realização de grandes festas e recepções, por isso tinha que ser proporcional ao tamanho dos eventos, mas o terreno era pequeno, assim criou... Leia mais

No final do ano passado tive o prazer de conhecer pessoalmente o super simpatico e talentoso arquiteto Marcos Bertoldi. Ele me recebeu em seu apartamento em São Paulo que, posso falar?, É lindo de morrer!!!

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Casa vertical

 

Em 2014, Bertoldi terminou a Casa Vertical, localizada em Curitiba (PR), projetada para um jovem colecionador de arte.

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A ideia inicial era criar um projeto que permitiria a realização de grandes festas e recepções, por isso tinha que ser proporcional ao tamanho dos eventos, mas o terreno era pequeno, assim criou o projeto de uma Casa Vertical. A casa é feita de concreto armado e tem aproximadamente 1750m² divididos por 5 andares. 

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Entrevista com Marcos Bertoldi

 

CCB: Quando você soube que queria ser arquiteto?

MB: Eu não soube… já nasci sabendo! Risos…

Eu não lembro, porque eu sempre quis. Uma fascinação que eu tive, foi quando, da janela da nossa casa, eu criança ainda, meu pai desenhou com traços muito rudes, porque meu pai não desenhava, a paisagem que se via de uma janela, incluindo algumas casas e tal. Ele conseguiu fazer ali um rascunho, um scketch muito primitivo mas eu nunca me esqueci daquilo. Fiquei fascinado com a capacidade de transformar uma casa em um desenho, e vice versa, com a ideia de perspectiva no papel… tudo aquilo foi muito marcante. Não me lembro da conversa, não me lembro porque meu pai fez aquilo, mas eu me lembro da imagem, e isso pra mim foi uma espécie de revelação.

Então eu sempre quis fazer arquitetura… Eu estudava em um colégio Marista, e teve lá um teste vocacional para todos os alunos e dava lá no teste: você tem jeito pra engenharia e artes plásticas, então teu caminho talvez seja arquitetura ou algo assim.

Pra mim tudo que eu sempre fiz vinha de encontro ao que eu já imaginava que ia acontecer mesmo. Mais velho, já com 17/18 anos, pra prestar vestibular, tinha um curso de desenho que era dado por um professor que era um artista plástico bem importante lá em Curitiba e havia um teste com 15 perguntas e eles passavam imagens e tinha que escolher o que a gente achava mais bonito, mas equilibrado, enfim… Eu das 15 acertei 13 e isso atingia o gosto dos artistas.

Realmente pra mim sempre foi muito claro!

CCB: Se não fosse arquiteto o que seria?

MB: Nunca nem pensei em outra possibilidade.

CCB: De onde tira inspiração para criar seus projetos?

MB: Todo arquiteto precisa de repertório. Não é do nada, não é do vazio e nem de uma inspiração assim, que surge por acaso. Primeiro de tudo então eu diria que da própria arquitetura. Das linguagens em desenvolvimento, das próprias referencias arquitetônicas que a gente vai adquirindo, de um repertório que a gente vai dominando, então é o estudo da arquitetura que me dá ganchos pra fazer arquitetura. Estudando meus arquitetos preferidos, acompanhar a produção mais recente, trocar com os meus alunos, informação que vem deles e a minha informação como professor, que dai eu consigo organizar e transferir. Por que uma coisa também é você olhar pro seu consumo pessoal e ponto, outra coisa é você olhar e organizar pra tentar transferir pra uma outra pessoa, então esse processo, de como organizar pra chegar no estudante por exemplo, é interessante porque acaba no final das contas fazendo com que eu pense mais nas questões, que eu elabore melhor e que eu tenha tudo isso mais organizado pro meu consumo.

Arquitetura é uma coisa compartilhada. Eu não sou o único no Brasil que aborda a arquitetura da maneira que eu abordo. Tem outros arquitetos nos mesmo trilhos, com esse mesmo tipo de enfoque, de visão, valorizando determinadas coisas. Então a arquitetura também é uma espécie de escola, no sentido de algo dividido entre vários.

A arquitetura é o espelhamento de uma cultura, de um determinado momento técnico, cultural de valores compartilhados e hábitos de uma sociedade: a medida que a sociedade se modifica, a casa se modifica junto, então isso também é parte do que a gente observa e o que a gente usa para “refrescar” um projeto e dar novos ganchos, novas possibilidades. Então tudo que é produzido nessa sociedade é interesse pro meu trabalho e também as outras formas de arte paralelas e conectadas.

O meu trabalho de criação é bem particular e individual. Eu tenho colaboradores que lançam um olhar diferente sobre o que eu estou propondo, vão desenvolver algum detalhamento específico pra ajustar ou desenvolver aquilo que eu quero. A criação, o ato que criação, pra mim é um ato isolado, e já começa pelas minhas rotinas de horário. Eu jamais vou conseguir trabalhar em horário comercial pra ficar elaborando um projeto. Todos os projetos que eu pensei até hoje foram na madrugada, sábado, domingo, feriado… que é quando eu tenho muitas horas de imersão num assunto que dai realmente eu tenho tempo de sair com alguma proposta. Nessa hora eu não fico olhando revista, não fico olhando internet, nada! Essa hora é um trabalho bem solitário, eu mesmo com as minhas questões e a partir desse lançamento inicial eu levo o projeto pro escritório e a gente vai tocando como da.

CCB: O que seria um projeto ideal?

MB: Primeiro é o projeto onde eu tenha uma relação de confiança, conforto e bem estar com o cliente, para que eu consiga ficar a vontade pra colocar minhas sugestões, ideias e etc. Também é bom quando você tem uma certa folga de orçamento. Eu não sou um arquiteto das opções mais caras do mercado, acho que tem muitas opções viáveis interessantes de agregam muitas qualidades, e eu também não quero ser mal entendido, mas as vezes, muito dinheiro pode até atrapalhar. As vezes ter pouco dinheiro pode ser interessante desde que aquela pessoa admita as opções baratas. O pior que tem é quando a pessoa tem pouco dinheiro mas quer parecer que tudo ali foi muito caro, querendo mostrar que ela tinha o dinheiro que ela não tinha. Então esse cenário é ruim porque você fala: “faz um piso de cimento!” e o cliente: “Ah, mas cimento não é chique, cimento não é apropriado pra minha casa, eu quero uma coisa melhor!” Mas o melhor ela não pode pagar… ai você faz aquela coisa que parece a melhor mas na verdade não é boa. Então isso eu evito, esse tipo de cliente normalmente comigo não se afina. 

O projeto ideal, pra mim, é quando posso usar um material que é bom, de qualidade e ao mesmo tempo tem ar despojado. Esse é o meu cliente, esse é o projeto ideal. E logico, se ainda por cima ele tiver o dinheiro pra comprar o melhor mobiliário e a melhor arte, dai então é perfeito!

CCB: Os clientes de São Paulo são diferentes dos de Curitiba?

MB: Eu trabalho em Curitiba com um nicho muito especifico de cliente. Eu não enfrento muita dificuldade pois é um cliente que já vem “preparado” para o tipo de trabalho que eu posso oferecer, que é um trabalho que aborda espaciais, com toda uma linguagem e visão contemporânea. A diferença que se nota, é que em Curitiba tem muito menos gente com alto nível de informação, então o que se produz lá é muito mais conservador, com um estilo que eu considero que ficaram no passado, mas que muitas vezes lá ainda é algo valorizado. 

Outra diferença que se nota, é que em Curitiba os clientes tem um tempo infinito para lidar com as questões e as decisões, pra pensar sobre o que realmente vão comprar e como. Então, pra comprar uma cozinhas elas podem ficar meses e meses, visitam todas as lojas de cozinha, voltam, levam as amigas… é um processo demorado. Em São Paulo as pessoas tem muito menos tempo pra se deslocar até uma loja, então quando se desloca, já compra, ou compra por telefone. Aqui é tudo um pouco mais rápido e com mais preparo para consumos de um trabalho que eu possa oferecer. Por que eu definitivamente não trabalho com um estilo. Estilo é uma coisa do passado. A única linguagem que a gente admite é a linguagem contemporânea, o resto pra mim é fantasia, é carnaval, é alegoria. Não da pra botar na mesma caixinha que a arquitetura.

CCB: Existe algum projeto que queria ter feito?

MB: Ahhh tem! Sou muito invejoso… risos

No Brasil mesmo tem arquitetos que eu admiro muito e que eu pegaria os projetos pra mim com toda a certeza. Os trabalhos do Angelo Bucci, por exemplo, que eu acompanho, que eu valorizo demais… do Alvaro Puntoni, dos internacionais também como os tabalhos de Tadao Ando…

Reconheço que tem muita coisa boa sendo feita e que são “faróis”, são trabalhos que orientam, que tem um significado muito grande pra formação dos arquitetos.

CCB: Dentre todos os projetos que você realizou, qual você mais gostou de fazer?

MB: Ahhh essa é uma pergunta que sempre me fazem e que a resposta é mais ou menos pronta! Eu não consigo eleger um, jamais vou conseguir. Cada trabalho é um resultado tão vinculado a uma situação, e ele faz sentido dentro daquele cenário, e todos eles então pra mim tem seus valores específicos dentro daquele momento , daquele contexto, daquelas, necessidades… eu só tenho uma filha, então não sei, mas deve ser mais ou menos como um filho: você nunca sabe qual você gosta mais, as vezes é aquele, outra vez aquele e aquele outro… risos… mas eu não consigo decifrar esse enigma, mas uma resposta fácil, que não deixa de ser mentira, posso dizer que é o último, o que for mais recente, o que eu to fazendo agora…. porque é onde eu coloco toda minha energia, todas as minhas expectativas em relação ao meu próprio trabalho, e você ta na paixão por aquele trabalho, você ta imerso naquilo. Mas quando você se distancia e para pra pensar mais profundamente, você percebe que são todos. Mas claro que também tenho minhas criticas a todos, mas é o que temos para o momento, vamos melhorar isso no próximo! risos

CCB: O estilo do morador influência na sua arquitetura/projeto?

MB: O que influencia bastante é o estilo de vida da pessoa. A expectativa que ele tem com relação ao uso daquele espaço que é a casa dele. Como ele usa aquilo. Quais são os hábitos, qual a rotina, onde ele quer estar, com quem ele quer estar, em que horas ele quer estar, como ele vai se apropriar do que a gente vai disponibilizar pra ele? Então esse é um campo que eu coloco totalmente na mão do cliente. E eu tento atender todas essas demandas e ajustar tudo isso a característica dele. As pessoas tem características diferentes e quando é no projeto de uma casa, então toda a definição que ele quer na casa. Ele que vai me dizer quantos quartos, quantas garagens, quantos banheiros, se quer spa, como quer a cozinha. Então nessa parte eu não fico dando pitaco, eu não me meto na vida dele, mas eu também espero que ele não se meta na minha esfera, que é tudo que envolve as questões especiais, proporções, iluminação, linguagem, e todas as características que são do meu domínio. Mas claro que também tem situações que os dois tem que se entender porque ele pode querer coisas que eu não ache que são as mais adequadas para aquele momento, mas ai a gente acha um meio de campo e faz um ajuste e resolve da melhor forma possível para todo mundo.

Mas também, se o cliente chega com um monte de referencia que não seja o meu estilo, a minha cara, eu não faço. Hoje na verdade já nao acontece mais isso porque todo mundo que me procura ja conhece meu estilo, mas ja aconteceu, inclusive quando eu precisava muito mais de trabalho do que hoje, e eu tive que negar porque aquilo ali não ia ser legal, sabe?

CCB: Como fazer a criatividade caber dentro da realidade?

MB: Com cabeça, com inteligência, com mentalidade. Por que nao colocar um piso espetacular como de ardósia, por exemplo? Só pq ele é barato e eu não quero parecer barato pros meus amigos? Mas isso ai se resolve com inteligência.

Frank Gehry, por exemplo, ficou conhecido por uma frase dele que dizia: “Banal to beautiful”, então ele pegava uma coisa banal, como o drywall, por exemplo, deixava lá, com a estrutura aparente. Não se dava ao trabalho de revestir aquilo com massa corrida e pintar, e transformava aquilo em arte, em arquitetura, então assim, ele era um arquiteto que construía muito barato, e ele virou um arquiteto super conhecido.

CCB: Qual foi o maior absurdo que já pediram para você projetar?

MB: Em um desses clientes equivocados que vieram me pedir algo fora do meu estilo, isso 20 anos atrás, chegou um projeto para fazer um prédio corporativo que seria o escritório central de uma grande empresa catarinense e eles são Suiços. Eles queriam o prédio como se fosse um chalé suico para fazer os escritórios. E eu, obviamente não dei nenhuma chance de que faria aquilo como um chalé suíço. Estive na cidade deles e tudo o que era possível eles construírem como um chalé suíço eles fizeram, então o hotel eh um chalé suico, cheio de janelinha com floreirinha, mas assim, um cenário, uma Disney sem os brinquedos. Então o que eu fiz, fui atrás de referências de arquitetura contemporânea suíça. Coisas que tivessem sentido no Brasil, porque também não adianta você ficar querendo modelo importado a trazer pra ca que depois pode virar um monstrinho, mas então o que tivesse a ver com meus princípios, o que eu tinha aprendido, meu repertorio. Sendo arquitetura moderna já é algo de consumo estilo internacional, mundial…. achei umas coisas muito interessantes que incluía a alvenaria branca dos chalés como eles gostavam, as telhas dos telhados que poderiam ser admitidas, incluíam madeira… então nada de concreto, de vidro, nem de qualquer outro material que pra eles remetesse a um downtown financeiro. E então eu propus o meu prédio com essa linguagem: madeira, telhas, branco… mas não teve discussão. Não compraram minha ideia, então esse foi o maior absurdo: um prédio corporativo estilo chalé suíço.

Perguntas rápidas

 

Um arquiteto Brasileiro: Alvaro Puntoni

Um arquiteto internacional: Tadao Ando

Residencial ou comercial: Residencial

Estética ou comodidade: Estética

Um material: Despretensiosos

Um ídolo: Sem ídolos

 

Marcos, muito obrigada por me receber!!! Você é um talento além de um querido…

Parabéns pelos projetos e pelos premios que recebeu! Que venham muitos mais!!!

 

Gostaram de conhecer um pouco mais sobre o arquiteto Marcos Bertoldi? Que outra arquiteto ou arquiteta vocês gostariam que eu entrevistasse?

 

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