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Mãe Fora da Caixa | Escolhas Maternas

Até aonde vai a nossa capacidade de controlar e planejar todos os passos, quando uma outra vida está em jogo? Muito se tem falado sobre parto, por exemplo. Blogs de maternagem ativa, redes sociais e até notícias de jornal abordam esse tema cada dia com mais frequência. E por que será? Talvez porque hoje em dia, muito mais que antigamente, a mulher sente que precisa (e pode) controlar e planejar todos os seus movimentos, inclusive aqueles que não estão nem sob o seu próprio controle. Desde quando decidem tornar-se... Leia mais

Até aonde vai a nossa capacidade de controlar e planejar todos os passos, quando uma outra vida está em jogo?

Muito se tem falado sobre parto, por exemplo. Blogs de maternagem ativa, redes sociais e até notícias de jornal abordam esse tema cada dia com mais frequência. E por que será? Talvez porque hoje em dia, muito mais que antigamente, a mulher sente que precisa (e pode) controlar e planejar todos os seus movimentos, inclusive aqueles que não estão nem sob o seu próprio controle. Desde quando decidem tornar-se mães e param o anticoncepcional, até a data que seus bebês irão nascer.

O parto é uma dessas escolhas que entram na lista de planejamento da mãe. Hoje, sabemos que a cesariana é o tipo de parto mais feito no Brasil e chega a um índice alarmante. Por inúmeros motivos, mães e médicos optam pela cirurgia e não é aí nessa questão que quero entrar, pois já sabemos (ou podemos pesquisar) de algumas consequência que essa escolha pode gerar. Mas a questão é que o parto hoje em dia deixou de ser um momento mágico, em que o bebê vem ao mundo, na hora e no momento certo que ele deveria vir e que nós mães, estamos aqui para servir de instrumento para que essa vida possa ser gerada e possa nascer com o mínimo de traumas possível (o que é quase impossível, visto que o nascimento já é o primeiro grande trauma do ser humano), independente de ser parto normal ou cesariana. As mulheres se frustram, muitas vezes, por não conseguirem realizar o tipo de parto sonhado e acabam se sentindo piores, com medo, quando encontram textos e imagens fortes na internet mostrando algumas consequências que a cesárea ou o parto normal podem ocasionar.

Amamentar também se torna muitas vezes uma questão de escolha e mesmo sabendo que o leite materno é o melhor e mais completo alimento para um bebê, muitas mães optam por não amamentar exclusivamente ou desistem de tentar com facilidade por acharem que a mamadeira pode ser mais prática, menos dolorida. Por outro lado, existem aquelas mães que sonham amamentar seus rebentos e acabam não conseguindo ou sendo penoso demais, por diversos motivos, e aquele sonho acaba se tornando um pesadelo.

Então surgem as discussões (e com isso os julgamentos), onde aquelas mães que desejam e conseguem ter o parto normal, que vão em busca de informações e médicos (ou doulas) que possam a apoiar em suas escolhas, que amamentam seus bebês, que usam fraldas de pano, que deixam tudo de lado para criar sua cria, possam parecer melhores mães que aquelas que fazem tudo ao contrário.

O que acontece é que infelizmente (ou felizmente) não podemos e não devemos controlar tudo. Todas nós mulheres, quando nos tornamos mães, passamos por uma experiência única, cada uma com a sua própria história, seus próprios medos e anseios. E independente de como seu filho veio ao mundo, seu instinto materno é de querer acolhe-lo e de que ele seja saudável e feliz.

Muitas vezes até planejamos tudo certinho. Sonhamos com um parto natural, respeitoso. Conseguimos achar um médico que seja parceiro e respeite acima de tudo a dupla mãe-bebê. Esperamos a hora certa do nosso bebê vir ao mundo, aguentando firme as dores do final da gravidez, o cansaço, o incômodo, a ansiedade, etc. E mesmo se entregando de corpo e alma para que o filho venha quando estiver maduro e da forma mais natural possível, isso não acontece como sonhamos. Então nos frustramos. E aí é que está o ponto mais importante! Nos deparamos com a nossa incapacidade de realizar tudo aquilo que planejamos, da forma como planejamos pois, não estamos falando de uma escolha pessoal e individual, estamos falando de uma outra vida, separada de nós. E quando nos tornamos mães, começamos o aprendizado de que aquela vida que geramos por nove meses em nosso ventre, tem suas próprias escolhas, sua história, seu próprio destino e não são extensões nossas, das nossas escolhas.

Podemos escolher os valores que passaremos para nossos filhos, podemos ajudá-los em sua caminhada, criando oportunidades para que sejam felizes, seres humanos do bem, justos e honestos. Mas não podemos escolher quem eles serão, que temperamento terão e como atingirão seus objetivos. Como eu disse, quando nos tornamos mães, nos tornamos instrumentos e meio para que uma nova vida seja gerada e nunca teremos nas mãos o controle completo de tudo. Aprender a lidar com isso é o que nos torna mães mais serenas, flexíveis e confiantes de que nossos filhos são seres únicos e possuem em si mesmos a força que necessitarão no futuro para construírem suas próprias escolhas.

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 Priscilla Cazarim

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