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A busca pela Maturidade Materna

“É necessário que a mulher realize algo mais que adaptar-se às necessidades da criança, para experimentar o significado da maternidade e tornar-se consciente de si mesma como mulher e como mãe.”   Harding Um dos meus grandes sonhos, acho que desde pequena, nas minhas constantes brincadeiras com bonecas, sempre foi me tornar mãe. O impulso em cuidar já existia muito forte dentro de mim. Mas somente quando comecei a estudar e trabalhar diretamente com crianças, que percebi o tanto que elas me faziam bem. E o tanto que elas me faziam... Leia mais

“É necessário que a mulher realize algo mais que adaptar-se às necessidades da criança, para experimentar o significado da maternidade e tornar-se consciente de si mesma como mulher e como mãe.”   Harding

Um dos meus grandes sonhos, acho que desde pequena, nas minhas constantes brincadeiras com bonecas, sempre foi me tornar mãe. O impulso em cuidar já existia muito forte dentro de mim. Mas somente quando comecei a estudar e trabalhar diretamente com crianças, que percebi o tanto que elas me faziam bem. E o tanto que elas me faziam olhar para aspectos meus, que eu ainda não conhecia.

Durante a faculdade, aprendi muita coisa, mas foi somente na vivência que descobri a profundidade que essa relação “mulher-mãe-filho” traz para a nossa identidade feminina.

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A maternidade traz mudanças intensas na vida da mulher. O deixar o papel de filha para assumir o papel de mãe é algo muito significativo, já que temos que abandonar um lugar conhecido para iniciar-se num processo desconhecido.

Esse nascimento, tanto do filho quanto da mãe, remodela a vida da mulher até suas camadas mais profundas, inclusive da sua autoconsciência feminina. Ou seja, a mulher passa por uma revisão da sua própria personalidade através de seus “atributos maternais”. Segundo Jung, “aquela que gera, cuida, sustenta, proporciona condições de crescimento e alimento, simplesmente a mágica autoridade do feminino.”

Mas existe também o outro lado da maternidade, aquele um pouco sombrio, que por não ser tão lindo e esperado, a sociedade e a cultura acabam querendo esconder. A dificuldade em engravidar, o medo de não ser uma boa mãe, de perder a identidade, de ser engolida por uma enorme responsabilidade. A culpa que nasce junto com o filho, o corpo que muda, a sobrecarga do trabalho, a falta de tempo, a constante necessidade de dormir só mais um pouquinho…. e por aí vai.

Ao vivenciar esse tabu criado pela sociedade em relação à difícil experiência de ser mãe e ao mundo cor-de-rosa que pintam, a mulher se recolhe e sofre sozinha e calada muita vezes. Não basta a própria culpa e as exigências que nós mesmas temos em relação ao que somos, fazemos e o que nos tornamos, mas as cobranças e exigências externas de que sejamos perfeitas em tudo.

O importante é saber que esse momento de introspecção que a maternidade nos evoca, faz com que entremos em contato com o significado mais profundo do que está acontecendo dentro da gente. Não somente durante toda a gestação e o processo de nascimento, mas também durante os cuidados com o bebê, aos esforços e dedicação para cria-lo e vê-lo crescer saudável.

Entregamos nosso ser e nosso corpo para que uma nova vida seja criada. Se soubermos, de forma positiva e consciente, lidar bem com as nossas limitações e alguns desconfortos que a maternidade nos trás, incluindo as perdas implicadas na mudança de identidade, as sombras que fazem parte da vivência do processo, os dois lados da maternidade, deixaremos uma porta aberta para o auto conhecimento e para o crescimento através dessa maravilhosa experiência de SER MÃE.

Priscilla Cazarim
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